Setembro amarelo
Mês para evitar o pior
Associação Médica de Pelotas promove no próximo dia 23, encontro para debater sobre o suicídio
São por vezes invisíveis as causas que apontam para a morte por suicídio. Não é como, por exemplo, o câncer, que antes de matar deixa fortes marcas. Por conta disso, setembro é um mês para ligar o sinal amarelo: algo está errado com uma pessoa próxima e ela precisa dos cuidados de família e amigos, além de tratamento médico. Para debater o assunto a Associação Médica de Pelotas realiza no dia 23 uma mesa-redonda, aberta à comunidade.
Os números brasileiros são fortes: somos o oitavo país com mais ocorrências de pessoas que tiram a própria vida, com 82 casos por dia - fora aqueles que não são noticiados. Para entender os motivos é preciso perceber a existência de grupos de risco. Normalmente envolve perda: o fim de uma relação profunda, demissão, solidão, total ausência de esperanças. Mulheres tentam mais, os homens costumam consumar em maior número. Existe um pico na adolescência e ele retorna na velhice. Para que a situação mude, a atitude principal é simples e complicada ao mesmo tempo: começar a falar sobre o assunto.
Segundo o psiquiatra pelotense Fábio Braga, a família é de suma importância para que haja reversão no quadro de um potencial suicida. Ele afirma que, antes de tudo, se deve ter uma conversa franca. "Falar abertamente sobre o assunto, perguntar se há a vontade de se matar. Se a pessoa não tem essa ideia, não é por esse contato que vai começar a pensar na possibilidade", diz. "O grande problema é que tu sabes que o parente ou amigo pode se suicidar, mas nunca quando isso de fato vai acontecer", prossegue. Para ele, o papel da família e amigos vai ainda além: é preciso manter o contato, mexer na felicidade da pessoa. "Dar fontes de prazer e fazer com que ela viva melhor. O entusiasmo, o engajamento em atividades positivas é fundamental", diz.
Em relação ao próprio indivíduo, o médico alerta que a procura por ajuda tem de ser imediata, assim que começar a pensar no suicídio. Mas isso nem sempre acontece. Dentro da psiquiatria, o tratamento passa por terapia farmacológica - remédios que estimulem a produção de serotonina, hormônio que entre outras coisas regula o humor - e a psicoterapia.
Ligue 141
Existem voluntários treinados para conversar com pessoas que procuram ajuda e apoio emocional. Tudo é anônimo e gratuito.
Mitos sobre suicídio
- Quem quer se matar não fala
- Quem diz que vai se matar não o faz
- Uma pessoa que vai se matar não dá sinais disso
- Quem tenta o suicídio é covarde
Mesa-redonda
Das 19h às 21h, os psiquiatras Roberta Grüpner, de Porto Alegre, e Luciano Souza abordarão a epidemiologia do suicídio. O sociólogo Francisco Vargas falará sobre a visão do suicídio de acordo com Durkheim. A Associação Médica de Pelotas fica na rua 15 de Novembro, 607
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